Type

Data source

Date

Thumbnail

Search results

3 records were found.

A pereira Rocha ocupa cerca de 75% da área de pereiral cultivada em Portugal (INE, 1993) assumindo particular importância na Região do Oeste, nos concelhos de Torres Vedras, Bombarral, Cadaval, Lourinhã, Óbidos, Caldas da Rainha e Alcobaça. Trata-se de uma variedade portuguesa que possui boas características pomológicas e de resistência ao transporte, bem como excelentes aptidões quer para o mercado interno, quer para a exportação. A obtenção de produtividades anuais dos pomares dentro de valores capazes de satisfazerem as necessidades de mercado, apresentando, simultaneamente, elevados padrões de qualidade dos frutos, mesmo após longos períodos de conservação, obriga a um esforço conjugado no sentido da racionalização das técnicas de produção. Entre estas inclui-se a manutenção de um estado de nutrição mineral do pomar equilibrado, dada a sua influência sobre o nível da produção e sobre a qualidade da mesma. Ora, a fertilização racional de um pomar impõe que se conheça, à partida, o estado de nutrição actual das plantas que o compõem, constituindo a análise foliar a base de diagnóstico mais poderosa que, para o efeito, se encontra actualmente disponível (Lucena, 1997; Guardiola, 1998). A utilização da análise foliar, como suporte ao diagnóstico do estado de nutrição das culturas, fundamenta-se na relação que existe entre as concentrações totais dos nutrientes nas folhas, em fases específicas do desenvolvimento das plantas, e os níveis de produção ou de qualidade desta que atingem (Bould, 1972). No entanto, a interpretação dos resultados da análise foliar constitui a fase mais delicada de todo o processo de diagnóstico, concentrando-se neste aspecto a maioria dos esforços da actual investigação nesta área. Pretende-se, assim, desenvolver sistemas de interpretação dos resultados da análise foliar que permitam identificar o nutriente, ou os nutrientes, que limitam a produção e/ou a sua qualidade (Benton-Jones Jr., 1993). Em todos os casos os resultados da análise foliar da amostra do pomar sujeito a diagnóstico são comparados com valores de referência, estabelecidos a partir de ensaios de campo ou de elevado número de pomares em observação durante determinado período de tempo. No entanto, a composição mineral das folhas está sujeita à influência de factores de diferente natureza variando, nomeadamente, com a espécie e a cultivar, a idade e a posição da folha, a fertilização aplicada, as características do solo, as práticas culturais, o estado sanitário do pomar, o porta enxerto e as condições climáticas, entre outros (Marschner, 1995). Acresce, ainda, que se estabelecem interacções entre os próprios nutrientes ao nível da sua absorção e translocação na planta definindo o equilíbrio nutricional da planta o que torna bastante complexa a interpretação dos da análise foliar. Outros aspectos, como efeitos de diluição ou de concentração dos teores foliares, devidos quer ao normal crescimento e desenvolvimento das plantas, quer os induzidos por crescimentos anormais ou, pelo contrário, por paragens de crescimento devidos à ocorrência de factores aleatórios de natureza diversa podem, também, mascarar os resultados da análise foliar. Tais limitações podem ser ultrapassadas, ainda que parcialmente, através da utilização de sistemas de diagnóstico dinâmicos que têm em consideração a fase do ciclo vegetativo da cultura e o equilíbrio entre as concentrações foliares dos diferentes nutrientes (Lucena, 1997). Deles são exemplo, nomeadamente, o sistema baseado no equilíbrio nutricional evolutivo (ENB), apresentado por Carpena e Carpena em 1982, o sistema integrado de diagnóstico e recomendação (DRIS) proposto por Beaufils (1973), desenvolvido por diversos autores como Walworth e Sumner (1987) e Beverly (1987) e, mais recentemente, o sistema compositivo de diagnóstico (CND), concebido por Parent e Dafir (1992). Do que atrás foi sucintamente referido resulta que a utilização de valores de referência, mesmo que para a mesma espécie, obtidos em condições edafo-climáticas distintas daquelas em que se encontram os pomares sujeitos a diagnóstico, deve ser feita com reserva e tendo sempre presente o seu passado cultural e as condições actuais do pomar a que se refere a amostra de folhas analisada. Acresce, ainda, que a influência das condições climáticas prevalecentes em cada ciclo cultural, conjugadas com a ocorrência de acidentes meteorológicos por vezes inesperados, condiciona a nutrição e a produtividade dos pomares levando a que diversos autores, como Failla et al. (1993) defendam que tais valores de referência devam ser ajustados anualmente. Pese embora o interesse económico da pêra Rocha no quadro da produção frutícola nacional, escassos eram os resultados experimentais publicados até há uma dezena de anos, particularmente no âmbito da fertilização racional e da avaliação do estado de nutrição dos pomares. São de referir, no entanto, os trabalhos desenvolvidos na Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade por Ferreira (1985) e Couto (1987). Mas, dada a manifesta insuficiência dos estudos então realizados e tendo em conta, sobretudo, a modernização das técnicas de condução dos pomares e as actuais exigências comunitárias em matéria de normas de qualidade dos frutos e de aplicação controlada e racional de fertilizantes, iniciou-se, em 1992, a execução do Projecto de Investigação 185/92 do Instituto Nacional de Investigação Agrária (INIA) " Pêra Rocha": efeito das condições pedo-climáticas e nutricionais do pomar na qualidade e poder de conservação dos frutos submetidos a diferentes regimes de atmosfera controlada levado a cabo por uma equipa constituída por elementos do Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva (LQARS) e da Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade (ENFVN). Em sua continuação, encontra--se em curso o Projecto nº 6034 do PAMAF "Estudo do efeito das condições pedo-climáticas, do estado de nutrição do pomar e das operações pós-colheita na qualidade e poder de conservação da pêra cultivar Rocha, em diferentes regimes de atmosfera controlada" integrando na sua equipa, para além de elementos das citadas instituições do INIA, outros da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica e do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico. Parte dos resultados obtidos no decurso da realização do primeiro projecto de investigação já se encontram publicados, apresentando-se no presente trabalho os que consideramos ser de interesse mais imediato no âmbito da nutrição mineral da pereira Rocha. Entre os objectivos dos referidos projectos de investigação incluem-se alguns mais directamente relacionados com os aspectos da nutrição mineral da espécie e cultivar em questão, nomeadamente (Soveral-Dias et al., 1991;1996): - Estabelecer critérios de fertilização racional para os pomares de pereira Rocha, particularmente no caso do azoto. - Estabelecer valores de referência para os teores foliares que permitam melhor interpretar os resultados da análise química das folhas e, assim, diagnosticar o estado de nutrição dos pomares. - Definir épocas de amostragem de folhas que permitam efectuar o diagnóstico do estado de nutrição dos pomares em fases do ciclo vegetativo das plantas compatíveis com a aplicação de fertilizantes, sem prejuízo da qualidade e do poder de conservação dos frutos. - Definir a época mais adequada de colheita de frutos e estabelecer critérios para a sua determinação, mediante a aplicação de métodos laboratoriais simples, bem como a composição mineral dos frutos que indicie melhores potencialidades de conservação em atmosfera controlada. No âmbito do primeiro projecto de investigação referido foram instalados três ensaios de fertilização, em pomares tradicionais de pereira Rocha, contemplando diferentes níveis de aplicação de azoto (variando entre 0 e 240 g de N por árvore) na presença de boro (2,1 g de B por árvore) e na sua ausência. Estes ensaios, instalados em 1992, ainda se encontram em curso. Simultaneamente, foram seleccionados oito pomares tradicionais da mesma variedade, com idades distintas, instalados em diferentes condições pedo-climáticas e localizados nas zonas mais representativas da produção desta variedade de pêra. Nestes pomares, durante os anos de 1992 a 1995, foi efectuado um primeiro ciclo de observações que contemplaram, nomeadamente, amostragens foliares ao longo do ciclo vegetativo das plantas, controlo final da produção, avaliação de algumas características da sua qualidade intrínseca e da sua composição mineral à colheita. Um segundo ciclo de observações decorre, no âmbito do já citado projecto de investigação PAMAF, em oito novos pomares instalados em condições distintas de solo e clima e sujeitos a diferentes técnicas culturais, nomeadamente no que diz respeito à aplicação de fertilizantes, veiculados, na maioria dos casos, através da fertirrega.
A utilização de doses elevadas de fertilização azotada é frequente em agricultura, devido ao grande efeito que exerce sobre a vegetação das culturas, não sendo, no entanto, tão conhecido o seu efeito na susceptibilidade a parasitas. Para avaliação do efeito da fertilização azotada em pessegueiro na susceptibilidade que esta cultura apresenta a Phomopsis amygdali foi estabelecido um ensaio, que decorreu de Abril de 2003 a Abril de 2007, com pessegueiros da cultivar Springcrest, instalados em vasos e sujeitos a quatro níveis de fertilização azotada – N0 (sem fertilização azotada), N1 (fertilização deficiente), N2 (fertilização considerada adequada ou suficiente) e N3 (fertilização excessiva). No final de cada ciclo vegetativo, procedeu-se à inoculação das plantas com uma cultura de P. amygdali, sendo a avaliação da susceptibilidade quantificada através da medição do comprimento de cada cancro desenvolvido nos locais da infecção. A susceptibilidade a P. amygdali de pessegueiros da cv. Springcrest foi condicionada não só pela fertilização como pelas condições climáticas, nomeadamente a precipitação. A Análise de Correspondências Múltiplas permitiu associar os cancros de grandes dimensões a condições de precipitação mais elevada e doses excessivas de azoto, enquanto os cancros de menores dimensões estiveram associados a condições de precipitação mais baixa não sendo tão marcado o efeito da fertilização azotada.
A cultura do pessegueiro na região da Beira Interior representa 23% da área total de pessegueiro de Portugal continental e 16% da área de culturas permanentes da região. Para a caracterização do potencial edáfico onde se desenvolve a cultura, foi efectuado um trabalho de sistematização dos dados referentes às análises de terra, através das Organizações de Agricultores reconhecidas para a prática da Protecção Integrada e Produção Integrada de Prunóideas (AAPIM, APPIZÊZERE e Cooperativa dos Fruticultores da Cova da Beira). O total das 117 análises disponíveis diz respeito ao conjunto de agricultores que exploram uma área de pessegueiros de 463 ha, o que corresponde a um terço da área total ocupada pela cultura na região (1500 ha). O conjunto dos dados analisados permitiu concluir que os solos são maioritariamente ácidos, apresentando textura grosseira, baixo teor de matéria orgânica e elevados teores de fósforo e potássio assimiláveis na camada superficial.