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António Faria de Vasconcelos (1880-1939) frequentou a escola primária em Castelo Branco e, posteriormente o Colégio do Espírito Santo em Braga, dos missionários franceses, seguindo, posteriormente, tal como o pai (juiz), para a formação em direito na Universidade de Coimbra. É nesta Lusa Atenas onde lhe nasce uma certa atração pelas questões e preocupações do social (influência do darwinismo social), associando-o ao vetor educativo/cultural da vida quotidiana das pessoas. Enveredando pela parte pedagógica, amplia a sua formação em Bruxelas (Universidade Nova - Escola Livre Internacional de Ensino Superior, a partir de 1902), conhecendo vários pedagogos e/ou psicopedagogos europeus, acabando por ser professor no Instituto de Altos Estudos (1904 - 1914), daquela universidade belga, lecionando a disciplina ‘Psicologia e Pedagogia’. Entre 1912-14 realizou em Biérges-Lez-Wawre (Bruxelas), uma experiência escolanovista, uma das mais perfeitas ‘escola nova do mundo’, ao intentar materializar o modelo proposto pelo Bureau International dês Écoles Nouvelles, aplicando 28 dos 30 caracteres definidos por aquele organismo. Imbuído pelos ideais pedagógicos da época (Decroly, Montessori, Dewey, W. James) e influenciado por Rousseau, Pestalozzi e Fröebel (e até Herbart), empenhou-se na expansão do Movimento da Escola Nova, que tinha em Genebra o seu núcleo mais ativo (Instituto Jean-Jacques Rousseau e a ‘Maison des Petit’), onde se destacavam as figuras de E. Claparède, A. Ferrière (Diretor do Bureau International) e P. Bovet. De facto, sem ser um político, mas sim um cientista do ‘social e do cultural’, considerava que o progresso e as reformas, em qualquer país, só se podiam fazer pela educação, no sentido de uma socialização e sociabilidade, com pessoal técnico qualificado, incluindo os professores e com uma orientação (pessoal, escolar profissional) no processo educativo dos educandos. Integrou as ‘Missões belgas’ de criação e renovação dos sistemas educativos, em regimes liberais de países na América Latina e, daí ter-se deslocado para Cuba (1915-17) e, posteriormente, para a Bolívia (1917-20), nessa divulgação das experiências da Escola Nova e dos ideais da pedagogia moderna, dedicando-se à organização das escolas normais de formação de professores, nesses países.
António Faria de Vasconcelos (1880-1939) foi abordado por vários estudos psico) pedagógicos, por exemplo: em 1969,a Revista Estudos de Castelo Branco publicou um Monográfico de artigos, com vários depoimentos de conterrâneos e amigos ao seu itinerário bibliográfico e análise à sua obra e pensamento; a Homenagem efetuada em Castelo Branco, por um grupo de cidadãos albicastrenses e Câmara Municipal, em 1980, com o descerrar de uma placa alusiva ao Centenário do seu Nascimento, na casa onde nasceu; a atribuição de uma rua com o seu nome onde está instalada a Escola Superior de Educação; a designação de uma Escola Básica com o seu nome, pertencente atualmente ao Agrupamento de Escola Nuno Álvares de Castelo Branco; etc. Como acesso e, posterior cedência, ao espólio documental com escritos inéditos, concedido pela esposa D. Celsa Camacho Quiroga, coube ao professor J. Ferreira Marques da Universidade de Lisboa, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (e de Azeredo Perdigão, amigo e companheiro de Faria de Vasconcelos na Seara Nova), realizar um trabalho meritório de investigação, ao analisar e recompilar os seus escritosem7 volumes, designados por ‘Obras Completas de Faria de Vasconcelos’, desde 1986 a 2012 (ordem cronológica de sistematização dos artigos e publicações dispersas do autor), constituindo um marco referencial histórico-documental e educativo de grande valor historiográfico. Nesse processo de resgate e de recolha do espólio, teve grande preponderância a ação do Instituto de História da Educação, atualmente inserido no Arquivo da Secretaria de Estado da Educação, com destaque para o papel e esforço de António Sampaio da Nóvoa ao constituir e elaborar esse arquivo, de modo a colocá-lo à disposição de investigadores e historiadores. Em 2015 o professor Carlos Meireles Coelho, da Universidade de Aveiro, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia traduziu e analisou, a obra ‘L’École Nouvelle en Belgique’ (1915), acrescentando um leque de anotações educativas, estando essa publicação disponível, em acesso aberto (E-book) à comunidade educativa
Para além das iniciativas de eventos, publicações científicas e referências em enciclopédias ou dicionários nacionais e internacionais, etc. de faria de Vasconcelos, muitos investigadores e historiadores analisaram e interpretaram o seu pensamento, no âmbito histórico-educativo, psicopedagógico e filosófico-pedagógico, publicando alguns artigos científicos, por exemplo citamos: Aires Nunes Diniz, António Nóvoa, Carlos Meireles Coelho, Ernesto C. Martins, J. Ferreira Marques, José Marques Fernandes, Joaquim Ferreira Gomes9, Manuel Ferreira Patrício, Rogério Fernandes, Teresa Machado, entre muitos outros. Também foram realizados trabalhos académicos, em diversas universidades portuguesas, não tantos como se poderia prever (6 teses de mestrado e 3 doutoramentos, até ao momento), que fizeram manter alguma chama viva de interesse por este pedagogista da História da Educação ou História das Ideias Pedagógicas. Haverá que referir de forma pontual alguns certames científicos sobre o nosso escolanovista, muitos deles não temos conhecimento, mas destacamos, por exemplo, o Colóquio de 2013 no Museu Bernardino Machado de Famalicão, onde foi analisado pela palavra especializada dos professores António Nóvoa e de José Marques Fernandes.
O nosso intuito de analisar a vida, a obra, a ação e o pensamento de António Sena Faria de Vasconcelos foi o de trazê-lo até aos nossos dias para analisar e refletir esta grande figura do campo da Pedagogia e da Psicologia. O nosso pedagogo escolanovista promoveu ao longo de todo o seu percurso de vida pelo assentamento da organização social e pela organização da educação (reforma do ensino), pela orientação profisisonal, ensino dos 'anormais', pela formaçãod e professores de forma científica, praxiológica e reflexiva, ou seja nas suas ações manifestou uma atitude científico-pedagógica e psicopedagógica, incluindo a ação de práticas científicas (pedagogia de ação).