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Com este trabalho pretendemos apresentar uma espécie com interesse zootécnico pouco conhecida em Portugal. Apresentam-se as raças de búfalos de rio mais importantes e alguns parâmetros produtivos e reprodutivos obtidos em explorações vocacionadas para a produção de leite de búfala. O búfalo de rio é criado e utilizado para a produção de leite em países europeus como Itália, Roménia, Bulgária, Alemanha, Macedónia, Reino Unido, Grécia, Sérvia, Albânia, Ucrânia e Hungria, sendo Itália o país europeu com maior número de búfalas e onde a produção de leite de búfala está mais especializada. As fêmeas têm produções médias de 2.221 kg de leite (8,24% de gordura; 4,66% de proteína) em 270 dias. Muito do leite produzido é transformado no famoso queijo Mozzarella. A existência da Associação dos Criadores de Búfalos de Portugal (ACBP) no Alentejo poderá indicar que esta é uma das regiões do país com maiores potencialidades para a produção de búfalas para leite. Esta produção poderá ser uma hipótese alternativa à produção de leite de vaca.
Estima-se que dois em cada três lares portugueses tenham um animal de estimação. Embora predominem os cães e os gatos, lagomorfos e roedores de companhia têm vindo a contribuir cada vez mais para aqueles números. Pela importância que os coelhos anões têm a nível mundial como novos animais de companhia, vários estudos têm sido desenvolvidos para avaliar as suas necessidades nutricionais, sempre com o objetivo de aumentar o seu bem-estar e a sua longevidade. Os coelhos anões podem viver mais de 7 anos, têm um peso ao nascimento de 30 a 60g, peso adulto inferior a 1000g e consumos médios diários de alimentos de 5g/100g PV e de água de 5 a 10ml/100g PV. O primeiro grande problema que o nutricionista tem de resolver é o de conseguir atenuar, com o alimento que formula, o ritmo de crescimento dos dentes incisivos. O regime alimentar deve conter alimentos fibrosos, predominantemente fenos de gramíneas como o azevém (Lo¬lium spp) e/ou o rabo-de-gato (Phleum pratense). O segundo grande problema consiste em reduzir o risco de urolitíase nos animais mais velhos. As dietas devem conter pouco Ca (0,5% em coelhos adultos; 0,8% em coelhos em crescimento e coelhas em lactação) e pouca Vitamina D (<25μg/kg de alimen¬to). Os regimes alimentares com elevados níveis de Ca, por exemplo com grande quantidade de feno de luzerna, vão contribuir para uma maior ocorrência de cálculos renais de Ca(H2PO4)2 e CaC2O4. O terceiro grande problema é a obesidade. Para evitar fenómenos de obesidade, o regime alimentar deve ser pobre em gordura (até 3,5%) e o rótulo da embalagem devem indicar a dose máxima diária recomendada de alimento. A gordura deve ser rica em CLA e PUFA para evitar problemas de pele e pêlo. O poster elaborado apresenta alguns exemplos do apoio técnico e científico que a Escola Superior Agrária de Castelo Branco está a dar a duas empresas que produzem e comercializam misturas para animais de companhia. Têm vindo a ser formuladas misturas para coelhos anões que já estão disponíveis no mercado. As misturas produzidas satisfazem as necessidades dos animais e incluem sementes de cereais (milho, trigo e cevada) e de proteaginosas (ervilha forrageira e lentilha), micronizadas e extrudidas, pelet formulados por nós e pelet de luzerna, palha de trigo, fenos de azevém e de luzerna e suplementos vitamínicos, minerais e PUFA. Apresentam uma composição variável de 11-13% PB, 2-3% GB, 13-15% FB, 4-6% cinzas, Ca <1%, P<0,7% e 2600-2800 kcla/kg ED.
Comunicação apresentada no Congresso “Investigação, Inovação e Tecnologia: novos desafios”, que decorreu em Santarém, em fevereiro de 2014.
A figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica (L.) Mill.) é uma espécie com interesse para alimentação humana e animal particularmente em áreas onde a disponibilidade de água é um fator limitante na atividade agrícola. Acresce ainda outras utilizações como sejam o controlo de erosão de solos, a constituição de barreiras anti-incêndio e a produção de biogás. No contexto atual em que, por parte de alguns agricultores, renasceu o interesse por esta espécie, consideramos ser importante a caracterização e avaliação de populações nacionais de O. ficus-indica e a sua comparação com variedades melhoradas, quer com o objetivo da produção de fruto para alimentação humana, quer como forrageira para alimentação animal. Em maio de 2012 foram plantados, na Escola Superior Agrária de Castelo Branco (39º 49' 17.00''N; 7º 27' 41.00''W), num solo de baixa aptidão agrícola, cladódios de dezasseis populações portuguesas de O. ficus-indica, provenientes de diferentes locais, e duas variedades italianas (“Gialla” e “Bianca”). Foi utilizado um delineamento experimental em blocos completos causalizados, com três repetições. Utilizou-se um compasso de 2,5 x 1,5 m e para cada população foram instaladas 15 plantas. As referidas populações foram avaliadas, nos dois primeiros anos de crescimento, quanto à produção de biomassa (utilizando métodos não destrutivos), matéria seca e proteína bruta. Em Abril de 2013 e Março de 2014, foram medidos em cada planta o número total de cladódios (NC) e em cada cladódio o seu comprimento (C), Largura (L) e espessura média (E). A produção de biomassa foi estimada através da determinação da área de cladódios por planta, apenas uma face (AC, cm2) e da produção de matéria verde por planta (MV, g), através da utilização de equações previamente desenvolvidas por regressão linear, AC=15,27+0,772xCxL (r2ajust=0,988) e MV=8,13+0,710xCxLxE (r2ajust=0,954). A determinação de teores em matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) foram realizados em amostras de cladódios com um ano (colhidos em setembro de 2013) das seis populações de Opuntia ficus-indica que mais biomassa produziram no primeiro ano de ensaio (populações, 4, 5, 7, 12, 13 e 14). A população 7 corresponde à variedade “Gialla”, sendo as cinco restantes ecótipos nacionais. Após desidratação para determinação da MS, as amostras foram moídas em partículas de 1mm e processadas em duplicado para determinação dos teores em PB (Nx6,25) utilizando o método Kjeldahl. Na análise estatística de resultados, para comparação de médias utilizou-se a ANOVA e como teste de comparações múltiplas utilizou-se o teste de Tukey. Na estimativa da produção de biomassa, analisando apenas as seis melhores populações e para o segundo ano de ensaio, os resultados obtidos para a área de cladódios (cm2) e matéria verde (g) das populações 4, 5, 7, 12, 13 e 14 foram, respetivamente, os seguintes: 5787,6 cm2 (AC) e 10058,5g (MV); 7523,6 cm2 (AC) e 12464,6 g (MV); 8877,5 cm2 (AC) e 14701,9 g (MV); 7552,7 cm2 (AC) e 12937,6 g (MV); 7237,6 cm2 (AC) e 12716,7 g (MV); 7044,2 cm2 (AC) e 13281,3 g (MV). Para a área de cladódios por planta registaram-se diferenças significativas entre populações F(5, 82)=2,5 e P=0,037. Os valores variaram entre 8877,5 cm2 (população 7, “Gialla”) e 5787,6 cm2 (população 4). Já no que se refere à produção de matéria verde, não se registaram diferenças significativas entre as seis melhores populações, F(5, 82)=1,87 e P=0,109. Os valores da matéria verde variaram entre 14701,9 g (população 7, “Gialla”) e 10058,5 g (população 4). Os teores em MS e PB (%MS) das populações 4, 5, 7, 12, 13 e 14 foram, respetivamente, os seguintes: 12,84%MS (±1,621) e 6,99%PB (±0,113); 14,58%MS (±1,142) e 7,25%PB (±0,737); 14,17%MS (±1,429) e 7,24%PB (±0,810); 14,10%MS (±0,669) e 8,25%PB (±0,954); 13,02%MS (±0,858) e 7,84%PB (±0,774); 13,74%MS (±0,861) e 6,80%PB (±0,510). Relativamente à MS, encontraram-se diferenças significativas entre populações (P<0,05) tendo a população 5 apresentado o valor mais elevado (14,58%MS ±1,14) e a população 4 o teor mais baixo (12,85%MS ±1,622). Relativamente à PB, verificou-se que a população 12 (8,25%PB ±0,954) apresentou um teor em PB significativamente mais elevado (P<0,05) em relação às populações 4, 5, 7 e 14 mas não em relação à população 13 (7,84%PB ±0,774). Os cladódios da população 14 apresentaram o teor em PB mais baixo 6,80%PB (±0,510) (P<0,05). Se utilizarmos os cladódios para alimentação de ruminantes e considerarmos como exemplo a população 12 de O. ficus-indica, aquela que apresentou uma concentração proteica mais elevada, verificamos que os 82,5 gPB/kgMS daqueles cladódios são inferiores aos 93,7 gPB/kgMS que satisfazem as necessidades diárias de uma ovelha com 70 kg de peso vivo a produzir por dia 1,3 kg de leite com 7% de gordura. Devido aos baixos teores em MS e em PB, a utilização de cladódios na alimentação de ovelhas em lactação deverá ser acompanhada de forragens secas com elevado teor em MS e PB. Conclui-se que das dezasseis populações de O. ficus-indica em avaliação é possível eleger um grupo de cinco ecótipos nacionais que se aproximam da variedade “Gialla” em termos de produção de biomassa. As populações 5 e 12 destacam-se das restantes por possuirem, respetivamente, teores em MS e PB significativamente mais elevados.
O regime de quotas leiteiras foi criado em 1984 na então Comunidade Económica Europeia (CEE) para fazer face a circunstâncias determinadas – a acumulação de excedentes de lacticínios e a respetiva pressão sobre os meios orçamentais europeus necessários ao seu escoamento. Em traços gerais, a limitação de produção naquele sistema de quotas teve como objetivos principais evitar a queda de preços que poderia advir de uma maior oferta em relação à procura e o aumento da competitividade do setor com a consequente redução de despesas com os apoios ao consumo interno e à exportação. Nos anos que precederam a adesão de Portugal à CEE o setor do leite português era caracterizado por um mercado de economia dirigida, fortemente controlado, com tabelamento de preços na produção, na distribuição e no consumo. A formação de preços era estabelecida com base em subsídios destinados a fomentar a produção e a manter estável o nível de preços, adequando-os ao poder de compra de então. A produção de leite era insuficiente para satisfazer o consumo, sendo necessário recorrer à recombinação de leite em pó. Existia um quadro positivo para a evolução da produção e transformação leiteiras pois havia mercado capaz de absorver os seus produtos. Em contrapartida, dado o desfasamento do nosso mercado relativamente aos similares europeus e internacionais a nível dos preços praticados em toda cadeia, impunham-se adaptações urgentes e radicais com vista à entrada do nosso país na CEE. A harmonização de preços a que a adesão obrigava para a integração do sector na Organização Comum de Mercado definida pela PAC, levou a que no Tratado de Adesão fossem estabelecidas duas etapas de transição, de cinco anos cada, tendo a primeira decorrido de 1985 a 1991. Com o intuito de proteger o setor das importações de países terceiros, permitindo a restruturação e o desenvolvimento dos aparelhos produtivo e industrial, foram estabelecidos, neste primeiro período, mecanismos de transição, ao nível dos regimes de preços, de ajudas, de intervenção, de comercialização e de comércio externo. O fim do sistema de quotas leiteiras está previsto para 31 de março de 2015. As piores expectativas apontam para um abandono maciço da atividade, principalmente em economias menos competitivas como a Portuguesa. Mais de 90% do leite produzido na União Europeia (EU) é comercializado no mercado europeu. O sistema de quotas tem permitindo a manutenção e o desenvolvimento sustentado da produção leiteira na totalidade dos Estados-Membros contribuindo para adequar a oferta à procura, permitindo alguma sustentabilidade dos rendimentos ao longo da fileira. Organizações poderosas ligadas ao setor lácteo de países do norte da Europa (Ex. Holanda, Dinamarca, Alemanha,…) têm sido claras nas suas intenções ao referirem que o desmantelamento do sistema de quotas implicará um abandono produtivo maciço nos países cuja produção de leite é considerada menos competitiva. Esta opção é sustentada pela importância cada vez menor que o regime de quotas leiteiras tem na EU. Na campanha de 2010-2011, apenas 5 Estados-Membros excederam a sua quota leiteira tendo a produção da EU ficado 6% abaixo da quota total. A campanha 2011-2012 terminou com as entregas na EU a situarem-se 4,7% abaixo da quota. Apenas 6 Estados-Membros excederam a respetiva quota nacional, a Áustria (onde predominam explorações leiteiras com vacas Simental) +4,2%, Chipre +2,3%, Irlanda +1,1%, Luxemburgo +0,5%, Holanda +0,5% e Alemanha +0,1%). Pelo contrário, 21 Estados-Membros produziram leite abaixo da quota anual atribuída. Os valores variaram entre -0,2% na Dinamarca e -52,6% na Bulgária. Portugal situou-se sensivelmente a meio da tabela com 9,7% de produção abaixo da quota leiteira. O número de Estados-Membros que produziram mais do que a quota foi muito pequeno e este excedente de produção representou menos de 0,2% do leite total entregue ou coberto por vendas diretas. A recolha de leite de vaca na EU tem vindo a aumentar nos últimos anos tendo sido de +1,4% em 2010, +2,0% em 2011 e +1,5% em 2012. Nas principais regiões mundiais fornecedoras de leite, onde se incluem os EUA, a Nova Zelândia, a Austrália e a Argentina, o aumento anual foi muito superior ao da EU tendo atingido +5,3% em 2011 tendência que se manteve em 2012 com o aumento de +2,8% nos EUA, +11,4% na Nova Zelândia, +4,7% na Austrália e +5,9% na Argentina. Entre 2010 e 2012, com exceção do leite em pó gordo, as exportações dos principais produtos lácteos da EU aumentaram com especial dinamismo para o leite em pó desnatado e para a manteiga em 2012. Estudos recentes, elaborados pela Comissão Europeia, preveem o aumento contínuo da procura mundial de leite e produtos lácteos como resultado da apetência crescente para aqueles produtos, do crescimento da população, da economia mundial e do maior consumo per capita de leite e derivados. O aumento sustentado das importações por parte de países emergentes como a Índia e a China influenciará positivamente os preços dos produtos lácteos de base com o consequente incremento do potencial exportador da EU. Este panorama apenas poderá ser afetado pelo aumento mais rápido das exportações de leite e produtos lácteos provenientes de outros países produtores mundiais de leite que, ao longo dos últimos anos, têm vindo a adaptar a sua produção à procura crescente do mercado mundial sem as limitações que o regime de quotas leiteiras tem vindo a impor aos países da EU. Em vários Estados-Membros, as explorações leiteiras têm vindo a introduzir medidas de adaptação ao fim do regime de quotas leiteiras. As medidas passam pelo aumento dos efetivos e pela melhoria da eficiência na produção de leite. O objetivo é tornar a Europa mais competitiva para a conquista de mercados emergentes. Os custos de produção devem ser competitivos no mercado global e no mercado local dos produtos lácteos particularmente ao nível do preço da alimentação animal, do preço da terra e da mão-de-obra. Em tempos de fortes flutuações mundiais dos preços do leite, dos custos de produção e das taxas de câmbio, o setor leiteiro deve ser capaz de reagir rapidamente às ameaças e de antecipar as oportunidades. Será fundamental avaliar anualmente, de forma isenta e objetiva, a competitividade dos sistemas de produção dos vários países. Apresentamos agora algumas ideias que poderão ajudar os produtores portugueses a adaptarem a sua atividade, nos próximos 12 meses, ao fim do regime de quotas leiteiras que, inevitavelmente, deixará de existir em abril de 2015. Tendo em consideração o forte impacto que os custos de alimentação das vacas representam para a produção de leite (mais de 50% do preço de custo de 1 kg de leite) devem ser utilizados regimes alimentares que potenciem a produção de leite mas que também potenciem a redução do custo unitário do leite produzido. Vários trabalhos têm vindo a revelar que as explorações que utilizam elevados níveis de concentrados para a produção de leite são as mais sensíveis aos aumentos dos preços das matérias-primas no mercado internacional. Neste sentido, propõe-se a maior utilização de forragens produzidas na própria exploração como forma de reduzir os custos alimentares com a produção de leite. Com base nos resultados obtidos em explorações avaliadas em 2012 (2 explorações neozelandesas uma das quais com vacas cruzadas, 3 explorações argentinas, 12 explorações alemãs e 9 explorações americanas) o IFCN observou custos de produção de leite na Argentina 20% mais baixos do que na Nova Zelândia, país onde os custos de produção foram 20% mais baixos do que nos EUA e na Alemanha. Os menores custos de produção de leite verificados na Nova Zelândia e na Argentina, onde o pastoreio é o regime alimentar predominante, contribuem para a ideia de que a produção de forragem na própria exploração será um caminho a seguir para que os custos de produção por kg de leite sejam menores. Outro aspeto a ter em conta no sentido de melhorar a eficiência produtiva dos efetivos leiteiros passa, necessariamente, por melhorar os parâmetros reprodutivos. Pretende-se que as novilhas param mais cedo e que as vacas tenham maior número de lactações, lactações mais persistentes e maior longevidade. O parâmetro produtivo DEL (dias em leite) não deverá ultrapassar os 170 dias já que o seu aumento vai ter implicações diretas na diminuição da produção média diária de leite, o intervalo IP-P (intervalo entre partos) deverá ser igual ou inferior a 365 dias, o número de IA/IAF (inseminações artificiais por inseminação fecundante) deverá ser igual ou inferior a 1,7 e a idade das novilhas ao primeiro parto deverá ser no máximo de 24 meses. Valores mais elevados vão ter implicações diretas no custo do litro de leite produzido. Também as mamites contribuem para diminuir a qualidade e a quantidade da produção anual de leite. Uma vez que as bonificações atribuídas ao preço do leite baixam quando aumenta a CCS (contagem de células somáticas) e as mamites vão provocar o seu aumento e também uma redução na produção diária de leite, a ocorrência de mamites na exploração vai ter implicações diretas no aumento do custo do leite produzido e na rentabilidade da exploração. A raça para produção de leite mais utilizada em todo o mundo é a Holstein Friesian. Nesta raça, a pressão do melhoramento genético tem acelerado a relação de parentesco entre animais. Na maior parte dos casos, quando uma vaca Holstein Friesian é inseminada, não há controlo do grau de parentesco entre macho e a fêmea, não se verifica se existe entre ambos alguma relação estreita de parentesco. Ao utilizarmos sempre os melhores touros nas melhores vacas estamos a tornar os efetivos Holstein Friesian altamente interrelacionados geneticamente. Esta situação afeta os parâmetros reprodutivos, a sanidade animal e a longevidade. Contrariamente ao que acontece com outras espécies animais ou com raças bovinas vocacionadas para a produção de carne, o crossbreeding tem sido pouco utilizado em vacas leiteiras. No entanto, os produtores de leite que se concentram no objetivo principal da exploração que é o lucro, poderão ter vantagens na utilização deste método estratégico para melhorar a rentabilidade e a sustentabilidade da produção de leite. Estudos recentes têm vindo a confirmar a vantagem do crossbreeding na melhoria da fertilidade, da sanidade e da longevidade produtiva de vacas leiteiras cruzadas quando comparadas com vacas Holstein Friesian puras. Naturalmente que, devido à sua elevada especialização leiteira, a raça Holstein está no topo dos programas de crossbreeding. É a raça base em programas rotacionais de crossbreeding com três raças especializadas na produção de leite como acontece, por exemplo, com a Holstein, a Vermelha Sueca e a Montbeliard, ou em programas com duas raças leiteiras como a Holstein Friesian e a Jersey, cruzamento preferido para sistemas de produção onde é enfatizada a produção de leite à base de erva. Um caso de sucesso no crossbreeding é o cruzamento muito utilizado no Brasil entre a raça zebuina Gir (Bos taurus indicus) e a raça Holstein (Bos taurus taurus) que dá origem à raça Girolando, animais mais resistentes ao calor e ao parasitismo. Ao melhorarmos a fertilidade, a sanidade e a longevidade produtiva das vacas leiteiras estamos a contribuir para baixar o custo do kg de leite produzido e para aumentar o sucesso económico da exploração. Embora seja uma produção pouco conhecida em Portugal, outra hipótese para melhorar a rentabilidade da exploração leiteira é a conversão para a produção de leite de búfala. Em vários países da Europa, principalmente do sul, há criação de búfalas para produção de leite em sistemas de exploração idênticos ao das vacas leiteiras. As raças Mediterranea Italiana e Murrah Búlgara são criadas em países da Europa como Itália, Roménia, Turquia, Bulgária, Grécia, Sérvia, Albânia, Hungria, Macedónia, Reino Unido, Alemanha e Ucrânia. Em Itália, o país europeu com maior número de búfalas leiteiras, o efetivo médio por exploração contrastada é de 161,3 cabeças com produção média por animal em 270 dias de lactação de 2.221 kg de leite com 8,24% de gordura e 4,66% de proteína. O leite tem um rendimento queijeiro de 25%, muito superior ao leite de vaca, e em Itália é pago ao produtor a um preço quatro vezes superior ao do leite de vaca. Pensamos que esta produção poderá constituir uma alternativa rentável à produção de leite de vaca principalmente na região sul do país onde está sedeada a Associação dos Criadores de Búfalos de Portugal.
A figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica) (OFI), espécie da família Cactaceae, foi introduzida na Península Ibérica no início do Séc. XVI e encontra-se naturalizada em toda a bacia mediterrânica. A utilização de cladódios na alimentação de ruminantes é importante nalgumas regiões áridas e semiáridas do mundo. Nas regiões mediterrânicas, como acontece no Centro e Sul de Portugal, podem ser utilizados na alimentação animal, em pastoreio direto ou distribuídos à manjedoura, especialmente em períodos do ano em que a disponibilidade qualitativa e quantitativa de pastagem é baixa o que poderá afetar a produção de leite e de carne. Com o objetivo de avaliar o potencial dos cladódios como alimento para pequenos ruminantes, foi realizado um estudo onde se analisou o perfil nutricional de cladódios de cinco ecótipos Portugueses. O material vegetal foi recolhido num campo experimental existente na ESACB. As análises foram realizadas em cladódios com um ano de idade e a cultivar Italiana “Gialla” foi utilizada como termo de comparação. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as populações estudadas para os teores de proteína bruta (PB) e cinzas. Em termos gerais, os cladódios de OFI apresentam baixos teores de matéria seca (MS), PB e fibra em detergente neutro (NDF) e elevados teores de energia metabolizável (EM) e hidratos de carbono não fibrosos. Atendendo à importância que a MS, EM, PB e NDF têm na nutrição de pequenos ruminantes, conclui-se que os cladódios de OFI podem ser utilizados na alimentação de pequenos ruminantes desde que associados a fontes de fibra e de proteína.
Neste trabalho apresentam-se alguns resultados com a caracterização nutricional de 5 ecótipos e 2 variedades de figueira-da-índia e formula-se um regime alimentar para ovelhas em lactação otimizando a figueira-da-índia como alimento forrageiro.
The use of Opuntia ficus-indica cladodes as a forage for ruminants has been very important in the semi-arid and arid regions of the world. O. ficus-indica cladodes can be fed to small ruminants especially in periods of the year when there is low quality and quantity of pasture. In Mediterranean regions like South of Portugal during the rainy season the availability of pasture is quantitatively and qualitatively satisfactory, but in critical times of the year the shortage and low nutritive value of forages causes decreased productivity in the ruminant’s production of milk and meat. The aim of this study was to evaluate the nutritional profile of the cladodes from five different Portuguese ecotypes of O. ficus-indica, in comparison with cultivar “Gialla”, and also evaluate its potential use as a feed for ruminants. Among populations’ significant differences were found in crude protein and ash content, and different groups were unfolded. In general, O. ficus-indica has a low content of DM, CP and NDF and high content in NFC and EM. Given the importance that DM, PB and the NDF have for nutrition and feeding of ruminants we conclude that O. ficus-indica can be used in feeding small ruminants provided that animals have access to dry forage and a feed source with high CP content. Used as fodder, O. ficus-indica seems to be an optional interesting feed for small ruminants in driest period of the year.