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Descrição baseada em: V. 16, nº 1 (Mar. 1981)
Apresentam-se vários aspectos da cultura da oliveira, com particular incidência para Portugal.
A oliveira atravessa hoje em dia, tal como os restantes sectores da agricultura nacional, uma gravíssima crise em resultado de um abaixamento do rendimento dos olivais, a que nem as actuais ajudas comunitárias têm obstado. Esse abaixamento dos rendimentos deve-se à conjunção de diversos factores negativos, entre os quais salientaremos os seguintes: • elevada idade dos olivais; • baixas densidades; • árvores de grande porte; • localização em zonas marginais e/ou de difícil acesso; • baixo índice de mecanização da colheita; • baixa frequência de regas, fertilizações e tratamentos fitossanitários; • concorrência com os outros óleos vegetais (que se deve apenas ao seu baixo preço e não a uma melhor qualidade do produto). Estes factores são ainda agravados por uma indústria transformadora de carácter sazonal, tradicional e, em muitos casos, com equipamento obsoleto e uma organização comercial deficiente, com pouca ou nenhuma intervenção dos produtores. Para enfrentar este desafio, ou seja, ultrapassar a crise instalada no sector, são necessárias, concerteza, medidas político-administrativas, nomeadamente de: • certificação e demarcação de zonas características de reconhecida especificidade e qualidade; • controlo qualitativo dos azeites importados; • promoção ao consumo e exportação, baseada na qualidade de um produto natural e uma das gorduras mais saudáveis na alimentação humana. Para além destas medidas, o desafio de fazer sair o sector da crise passará também pela tomada de consciência dos próprios olivicultores de que é necessária uma maior aplicação dos conhecimentos técnico-científicos disponíveis e pôr de lado certos princípios tradicionais da exploração do olival errados, pois vão contra os hábitos de frutificação e a fisiologia da oliveira. Uma das técnicas culturais em que mais se evidencia esse facto é a poda do olival. A alteração da poda tradicional para um sistema de poda que respeite os hábitos e a fisiologia da oliveira nem sequer significa um acréscimo dos custos dessa operação, muito pelo contrário. Claro que os problemas do sector não se resolverão só com a mudança do tipo de poda, dado que alguns olivais idosos, dispersos, marginais e de difícil acesso continuarão a ser úteis, mas apenas no embelezamento da paisagem e como coberto em sistemas de pastoreio. Mesmo nos olivais "recuperáveis", a mecanização da colheita. as fertilizações e, eventualmente. a rega, a reconversão varietal (por reenxertia) e os tratamentos fitossanitários serão também decisivos para alterar a tendência negativa actual. Por outro lado, as novas plantações, ainda demasiado jovens para que possam ter um papel imediato na melhoria do sector, têm já compassos mais apertados, cultivares mais adequadas, rega, fertilizações e os restantes cuidados culturais comuns a generalidade da exploração das espécies fruteiras. Contudo, mesmo após a sua entrada em plena produção serão insuficientes para que possamos descurar os olivais existentes, apesar das suas reconhecidas limitações. É nesse sentido que surge este trabalho que, baseando-se na proposta de alteração da poda tradicional para um sistema de poda mais "racional", pude dar um contributo positivo na melhoria desses olivais, permitindo aplicar neles alguns conhecimentos técnico-científicos que os ajudem na sua recuperação física e económica.